domingo, 11 de outubro de 2009

ODE À ARGUMENTAÇÃO

* Local: na delegacia
* Data: 8 de outubro de 2009
* Contexto: um dia de trabalho qualquer
* Orientação para leitura: ponto de exclamação: berros, muitos berros

- Você não pode filmar aqui.
- Por que não, delegado?
- Você não pode filmar aqui. Você não vai filmar aqui!!!
- Mas, delegado... Por quê?
- O que você quer filmar aqui?
- O Ricardo.
- Que Ricardo?! Esse menino não é o Ricardo!
- Doutor, a gente já sabe que é o Ricardo.
- Quem te disse isso?
- O outro delegado.
- Ele não é o Ricardo. Não tem nada a ver com o caso.
- Ok, doutor. Se o senhor me garantir que ele não é o Ricardo e que ele não teve participação no crime, a gente não filma.
- Não interessa!!! Não é pra filmar!!!
- Por quê?
- Porque não!!!
- ‘Porque não’??? Preciso saber o motivo, ué!
- Deixa de ser cínico, rapaz. Não me venha com esse cinismo!
- Cínico??? Só porque eu quero saber o motivo de não poder filmar o Ricardo?
- Porque pode atrapalhar as investigações.
- Pronto, me deu um motivo. Era disso que eu precisava: de um argumento. Não vamos filmar.

* Reflexão: obrigado, Castelo Rá-Tim-Bum e Marcelo Tas, por me ensinarem que “porque sim” – nesse caso, “porque não” – não é resposta.

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